No curso dos debates, a palestra magna foi proferida pelo Professor Augusto Vitale, que abordou a experiência da política de drogas anti-proibicionista implementada no Uruguai há mais de uma década.
“Consolidada a legalização e o controle do uso recreativo da planta, que atravessou governos de esquerda e de direita, o Uruguai se prepara agora para incrementar as pesquisas para possibilitar o uso medicinal da maconha, numa ordem inversa a que tem ocorrido no Brasil, onde as pesquisas sobre a aplicação médica da planta se encontram mais avançadas apesar do proibicionismo.”
O palestrante destacou ainda que a regulamentação do uso recreativo da maconha “permitiu maior controle e a redução do número de usuários desde a aprovação da lei, afastando por completo o temor de um alardeado aumento do consumo.”
Todas as opiniões discutidas no evento direcionaram para que a atual política de drogas no Brasil é certamente uma das piores do mundo.
O seu maior problema é que, além de ser muito ineficiente – tanto que as drogas circulam em todo lugar como se não fossem proibidas e estão sempre disponíveis nas biqueiras e bocas de fumo -, é extremamente seletiva e incide de forma desproporcional sobre as populações vulneráveis, especialmente sobre os pretos, pobres e periféricos.