A recente decisão do ministro Alexandre de Moraes de abrir inquérito contra Eduardo Bolsonaro por atos supostamente contra o Estado Democrático de Direito acende um alerta sobre os limites do bolsonarismo. Eduardo, hoje nos Estados Unidos, tenta articular sanções internacionais contra Moraes, num movimento que ultrapassa a crítica política e beira o que muitos chamam de crime de lesa-pátria.
Mais do que um conflito jurídico, o episódio revela a crescente dependência do clã Bolsonaro de aliados estrangeiros para tentar desestabilizar as instituições brasileiras.
Curioso, no entanto, é notar que este momento de crise expõe uma mudança abrupta e oportunista no discurso do bolsonarismo.
Por anos, defensores do ex-presidente e seus seguidores ridicularizaram e até atacaram a pauta dos direitos humanos, criticando as garantias universais como ‘proteção para bandidos’.
Contudo, diante da prisão de seus aliados após o 8 de janeiro e agora da investigação sobre Eduardo, o mesmo grupo que ignorava ou relativizava violações passa a clamar por respeito aos direitos humanos — mas, nitidamente, apenas para ‘os seus’.
Em suma, a crise entre Eduardo Bolsonaro e Alexandre de Moraes escancara não só a tentativa de sabotagem institucional, mas também um bolsonarismo que, diante da adversidade, se vê obrigado a valorizar aquilo que tanto menosprezou.