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Movimentos sociais denunciam ação da Polícia Militar em prédio histórico ocupado no centro de BH

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Ocupantes estão denunciando ação repressiva da BH na ocupação Dops

Desde o dia 1º de abril, o antigo prédio do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), localizado na Avenida Afonso Pena, no centro de Belo Horizonte, está ocupado por estudantes, ativistas e integrantes do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). O grupo exige a criação de um memorial para preservar a memória das vítimas do regime militar brasileiro, que utilizaram o local como centro de repressão entre 1964 e 1985.

Na tarde e noite da última quarta-feira (14), os ocupantes denunciaram uma ação repressiva da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), que montou um esquema para impedir a entrada de novos manifestantes e professores interessados em participar das aulas realizadas no espaço sobre o período da ditadura. Segundo relatos dos ativistas, policiais chegaram a conter um manifestante pelo pescoço e chegaram a aproximar a viatura da calçada, em um episódio marcado por tensões e confrontos verbais.

Os manifestantes afirmam que a postura da PM configura uma tentativa de silenciar o movimento, que quer transformar o edifício — tombado pela preservação da memória das violações de direitos humanos — em um local público de reflexão e justiça histórica. “Eles estão repetindo a história que queremos denunciar”, disse um dos líderes do movimento, referindo-se à repressão que marcou o prédio durante a ditadura.

A ocupação teve início após anos de abandono do imóvel, que, embora destinado desde 2018 à criação do Memorial dos Direitos Humanos – Casa da Liberdade, ainda não foi entregue pelo governo do Estado. O Ministério Público de Minas Gerais acompanha o processo por meio de procedimento preparatório que visa garantir a implementação do espaço de memória.

Em contrapartida, a Polícia Militar divulgou nota afirmando que possui prerrogativa legal para realizar a guarda do patrimônio público estadual e que mantém o policiamento para preservar a ordem, proteger servidores e evitar danos ao imóvel até a realização da audiência de conciliação com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), marcada para o próximo dia 30. A corporação reforçou que a ação está em conformidade com decisão judicial que suspendeu temporariamente a reintegração de posse, garantindo o direito de circulação dos atuais ocupantes.

O governo do Estado havia ajuizado ação para reintegração do prédio, alegando que a ocupação impede a realização de vistorias estruturais essenciais. Porém, na terça-feira (14), o desembargador Luís Carlos Balbino Gambogi concedeu efeito suspensivo ao recurso, o que mantém a situação atual até o julgamento definitivo.

O impasse no prédio do Dops em Belo Horizonte representa um capítulo simbólico na busca por reconhecimento e reparação da história da ditadura militar, destacando a tensão entre movimentos sociais, forças policiais e poder público na gestão de patrimônios históricos e direitos humanos.

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Coluna Luiz Tito
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