Compartilhe este conteúdo:

Nove anos do desastre em Mariana: AMIG reforça a urgência de mudanças na mineração para evitar novas tragédias

por

Nove anos do desastre em Mariana: AMIG reforça a urgência de mudanças na mineração para evitar novas tragédias
Nove anos do desastre em Mariana: AMIG reforça a urgência de mudanças na mineração para evitar novas tragédias
Corpo de Bombeiros/Divulgação

Nesta terça-feira (5), o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), completa nove anos, lembrando a devastação que assolou a Bacia do Rio Doce. O desastre, considerado o maior impacto ambiental da história do Brasil, vitimou 19 pessoas e causou danos irreversíveis em uma extensão de 684 km de rios, atingindo o litoral do Espírito Santo e da Bahia. Esse triste marco ainda levanta questionamentos sobre segurança e responsabilidade na mineração, enquanto especialistas ponderam o que foi feito para evitar novos episódios trágicos.

Para o presidente da Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (AMIG), José Fernando Aparecido de Oliveira, as ações de reparação até hoje deixam a desejar. Ele ressalta que, embora o recente acordo de compensação, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em outubro, represente uma tentativa de reparação, o impacto humano e ambiental do desastre não pode ser completamente revertido. Oliveira critica ainda o alcance limitado do acordo, que, em sua visão, deveria ter maior foco na recuperação econômica e segurança das comunidades afetadas pela mineração.

O consultor ambiental da AMIG, Thiago Metzker, alerta que o aprendizado com a tragédia de Mariana foi lento e tardio, destacando a necessidade de medidas preventivas que protejam as comunidades antes que ocorram novos desastres. “Mudanças só ocorrem após tragédias, e isso não é suficiente. Precisamos de uma cultura de prevenção mais avançada,” afirma Metzker, que reforça o papel da AMIG na busca pela redução das desigualdades de conhecimento e tecnologia entre mineradoras e municípios.

Outro ponto levantado por Metzker é o impacto emocional e econômico sobre as populações que vivem diariamente sob o risco das barragens. “Os municípios mineradores precisam de um sistema robusto de apoio e segurança a longo prazo, para que não sejam esquecidos,” afirma, cobrando mais fiscalização e políticas de suporte.

Autoconfiança das mineradoras e o peso da negligência

Para Waldir Salvador, consultor de Relações Institucionais e Econômicas da AMIG, a autoconfiança excessiva das mineradoras e a falta de controle do governo colaboraram para os desastres. Segundo ele, o rompimento da barragem de Fundão, em 2015, seguido pelo desastre de Brumadinho em 2019, expôs a ilusão de invulnerabilidade do setor. Salvador ressalta que a tragédia evidenciou a falência do sistema de fiscalização brasileiro e o impacto da influência política do setor mineral, com sérias consequências para cidades como Ouro Preto, que sofreu economicamente com a saída da Samarco e até hoje não é considerada como afetada oficialmente.

AMIG questiona a nova regulamentação de segurança em barragens

A AMIG recentemente solicitou à Agência Nacional de Mineração (ANM) esclarecimentos sobre a nova Resolução 175/2024, que redefine os critérios de segurança e fiscalização das barragens. Com essa atualização, o número de estruturas classificadas como críticas aumentou, gerando preocupações nas regiões mineradoras. A associação aponta que, para ser eficaz, a nova regulamentação precisa vir acompanhada de maior transparência e recursos para os municípios atingidos.

“Queremos que as mineradoras assumam sua responsabilidade com mais clareza, e que a ANM estabeleça critérios que promovam a segurança real das comunidades afetadas,” destaca a AMIG. A entidade cobra também um diálogo mais frequente e técnico com a agência, visando construir uma agenda que priorize o bem-estar das comunidades em áreas de mineração, sem comprometer a transparência e a segurança necessárias.

+notícias

O que você achou deste conteúdo?

0 Comentários
mais antigos
mais recentes
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Coluna Luiz Tito
Investigado da máfia do INSS ostenta adega de vinhos nas redes sociais
Motoristas sofrem com engarrafamento no Anel Rodoviário
Servidora pública está internada em estado grave em Divinópolis
Dança das cadeiras após investigação e exoneração na 8ª
0
Adoraria saber sua opinião, comente.x