A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE-MG) passará por uma mudança significativa no comando, com a exoneração de Igor Alvarenga prevista para o final deste mês, após uma série de mobilizações contrárias ao modelo de escolas cívico-militares. A decisão ocorre em meio a uma forte resistência da comunidade escolar, que questiona a imposição do modelo militar nas unidades de ensino.
Alvarenga, que assumiu a pasta em 2022, após a saída de Júlia Sant’Anna, ficou no centro da polêmica relacionada à militarização das escolas estaduais. A medida, proposta pelo governo de Romeu Zema, enfrentou forte oposição de professores, alunos e diretores escolares. Em várias assembleias escolares, a maioria dos participantes manifestou-se contra a adoção do modelo cívico-militar, o que resultou em um movimento de resistência crescente.
O governo, pressionado pela mobilização, decidiu suspender as assembleias nas escolas, adiando a consulta à comunidade escolar até agosto. As medidas tomadas pela SEE-MG não conseguiram conter os protestos, que culminaram na exoneração de Alvarenga. A decisão, embora vista como um recuo estratégico do governo Zema, também revela a pressão da comunidade escolar que se mobilizou contra o modelo militarista.
Durante sua gestão, Alvarenga se viu no centro da crise, acusando os opositores da militarização de falta de comprometimento com o processo educacional. Um episódio polêmico foi quando o secretário fez duras declarações contra aqueles que votaram contra a adesão ao modelo cívico-militar, sugerindo que tais atitudes eram associadas a comportamentos criminosos.
Com a saída de Alvarenga, o nome cotado para assumir o cargo é o de Rossieli Soares, ex-ministro da Educação no governo Temer e ex-secretário de Educação em São Paulo e no Pará. No entanto, Soares também é uma figura controversa, com um histórico de acusações, incluindo processos por improbidade administrativa e envolvimento em práticas de aparelhamento político durante sua gestão em São Paulo.
A substituição de Alvarenga, em um contexto de forte polarização sobre as políticas educacionais de Zema, levanta questões sobre o futuro da educação em Minas Gerais. Enquanto o governo tenta fortalecer a implementação de modelos mais rígidos e militares nas escolas, a comunidade escolar e a sociedade civil continuam a exigir maior diálogo, transparência e respeito às diretrizes pedagógicas já estabelecidas.
A saída de Alvarenga e a possível chegada de Rossieli Soares refletem a tensão política e educacional no estado e abrem caminho para novos debates sobre o que é necessário para melhorar o sistema educacional de Minas Gerais. A comunidade escolar segue acompanhando atentamente as movimentações do governo e aguardando as decisões que impactarão diretamente o futuro da educação no estado.