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“Viajandão em Israel”

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Reprodução/Folha de São Paulo

A FOLHA DE SP publicou na edição dessa sexta-feira (20), um artigo do jornalista e escritor Álvaro Costa e Silva sobre viagens que empreendem os políticos brasileiros a qualquer parte do mundo, caia neve ou faça sol, haja guerra ou flores, para o que quer que seja, não importa o motivo, desde que seja às custas do erário e eles não tenham que meter as mãos no bolso.

Não há exceções entre os poderes públicos Judiciário, Executivo e Legislativo.

Transcrevemos abaixo o artigo, que chama a atenção para o grau de responsabilidade de nossos gestores públicos:

RIO DE JANEIRO
Viajandão em Israel
Alvaro Costa e Silva

As autoridades que viajaram a Israel e foram surpreendidas pelo conflito com o Irã estão voltando ao Brasil. A julgar pelo que contam, parece terem vivido uma odisseia mais perigosa que a de Ulisses.

Se o herói grego no seu retorno para casa teve de enfrentar o ciclope Polifemo e a feiticeira Circe e resistir ao canto das sereias, eles relatam o confinamento em bunkers, os explosivos e mísseis voando sobre suas cabeças, a travessia demorada por terra até a Jordânia e a Arábia Saudita em busca de rotas alternativas de voo. “Glória a Deus”, agradecem em suas redes.

Os mais de 40 prefeitos, vice-prefeitos e secretários só não informam direito o que foram fazer lá, e de onde saiu o dinheiro para a viagem. Será que ninguém lhes disse — um porteiro de prédio, um motorista de táxi, um grilo falante — que Israel é um país sob tensão permanente? Que, em resposta aos ataques terroristas do Hamas em outubro de 2023, iniciou um massacre em Gaza, que até o momento tirou a vida de milhares de palestinos, a maioria mulheres e crianças?

Parte da comitiva de políticos saiu do Brasil em 8 de junho. A justificativa era participar de uma feira de segurança, cuja abertura estava prevista para ocorrer apenas no dia 16. A operação de propaganda, lobby e venda de tecnologia de vigilância acabou frustrada pelos ataques contra o Irã ordenados pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Quem pagou a viagem foi a Mashav, agência israelense de cooperação internacional.

Entre os retornados, além das acusações ao Itamaraty por falta de ajuda, há duas certezas: a missão teve caráter técnico e nenhuma conotação ideológica. Poderiam bolar uma desculpa mais crível — a de que são vítimas do desejo incontrolável de viajar sem mexer no bolso.

Estão em boa companhia: 60 deputados confirmaram presença no Fórum Jurídico de Lisboa, nome oficial do “Gilmarpalooza”, a realizar-se no início de julho, durante dias úteis. O STF e o Congresso vivem às turras no Brasil, mas em Portugal dividem o pastel de nata e a ginjinha.

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