Eis que surge, como um presente envenenado, um documento interno da Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais, assinado por dezenas de altos funcionários — justamente aqueles que deveriam ser os guardiões do sigilo fiscal.
A pergunta que não quer calar: como um documento tão sensível, repleto de críticas ao governo e detalhes sobre gratificações, parou nas mãos da imprensa?
O texto, uma carta de insatisfação dos servidores, é um prato cheio para entender as entranhas do fisco mineiro.
Mas também escancara uma contradição grotesca.
O mesmo governo que esconde regimes especiais de tributação sob o manto do “sigilo fiscal” agora vê seus segredos internos ficarem públicos.
Será que o sigilo só vale quando convém? Só para as renúncias fiscais?
Os servidores reclamam de salários baixos, da falta de reconhecimento e da venda de imóveis da Fazenda — tudo assinado por superintendentes, delegados fiscais e até o subsecretário da Receita Estadual.