Servidores do IPSEMG se levantam contra o autoritarismo e o desmonte promovido pelo seu atual presidente, André dos Anjos e seus aliados EPPGG. Em carta à coluna, que reproduzimos abaixo, um servidor, pedindo anonimato, denuncia o clima de revolta mas também de apreensão com o que convivem no seu dia a dia.
Uma carta em defesa do IPSEMG
Senhor Luiz Tito – Coluna BEMMINAS
Peço-lhe a gentileza de publicar esta carta — que não é apenas um desabafo pessoal, mas o grito coletivo de inúmeros servidores do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (IPSEMG).
Hoje, o Instituto vive um cenário de humilhação, medo e adoecimento, reflexo de uma gestão autoritária e insensível, que parece esquecer que o IPSEMG é patrimônio público — não um feudo político. Transformam-no de orgulho mineiro a palco de autoritarismo.
Sou servidor de carreira, aprovado em concurso público, e vi o IPSEMG ser, no passado, um símbolo de respeito, credibilidade e orgulho para Minas Gerais. Era uma instituição forte, com servidores valorizados e compromisso real com o beneficiário.
Entretanto, o que foi construído com décadas de dedicação vem sendo dilapidado por gestões que tratam o IPSEMG como uma propriedade privada.
Sob o comando do presidente André dos Anjos (EPPGG) — ex-assessor de Jomara Alves, exonerada a bem do serviço público em 2017 — o desmonte atingiu seu ápice.
Cercado de aliados EPPGG em cargos estratégicos, o presidente conduz o IPSEMG sob o perfil de um ditador, gerando favorecimentos e perseguições, confundindo o público com o pessoal e o poder com a intimidação. Um clima de medo e de permanente assédio moral. Dentro do Instituto, reina o medo.
O atual presidente age como um ditador barato, repetindo frases ameaçadoras — “eu mando, eu exonero” — e cercando-se de pessoas que o obedecem sem questionar. O resultado é devastador: servidores em licença psiquiátrica; profissionais pedindo exoneração; uma instituição paralisada pelo terror psicológico. Gritos, ameaças e humilhações tornaram-se rotina.
Cargos comissionados, DAEs e FGs de baixo valor são usados como instrumentos de controle, manipulação e silêncio. Estamos no século XXI, mas o IPSEMG parece viver sob um regime de opressão feudal. Assistimos ao desmonte de uma instituição histórica, que administra relações do Estado com seus servidores. O IPSEMG, que sempre foi o braço social do Estado, cuidando da saúde e da previdência dos funcionários públicos, hoje agoniza nas mãos de quem jamais contribuiu para sua história — mas parece determinado a apagar tudo o que ela representa. É hora de romper o silêncio. De levar os fatos à Ouvidoria-Geral do Estado, ao Ministério Público de MG, ao Tribunal de Contas e à Assembleia Legislativa. Ainda há servidores íntegros, que não se vendem por gratificações e permanecem firmes na defesa do Instituto.
Convoco todos os colegas para que denunciem, que relatem aos deputados estaduais o que se passa. Há na ALMG parlamentares que se interessam pelas nossas causas. Que mostrem ao governador Romeu Zema e ao vice-governador Mateus Simões, a atual realidade do IPSEMG, que está sendo desmontado diante dos olhos de todos mas ninguém enxerga. O IPSEMG é do povo mineiro, não de grupos, carreiras ou interesses pessoais. O IPSEMG adoece junto com seus servidores. O servidor público não pode continuar refém de gestões abusivas e desumanas.
É preciso expor o que acontece por trás das paredes de uma instituição que deveria cuidar da saúde — mas que hoje adoece quem nela trabalha. Deixo aqui minha indignação e minha coragem, em nome de todos os que, por medo, ainda não conseguem falar.O IPSEMG precisa ser reconduzido à ética, à valorização e ao respeito, princípios que um dia o tornaram exemplo em Minas Gerais. Dirijo uma pergunta direta ao governador Romeu Zema e ao vice-governador Mateus Simões: até quando permanecerão em silêncio diante do desmonte do IPSEMG e do sofrimento de seus servidores? O silêncio, neste caso, soa como conivência. Ou estarão dispostos a comprometer a credibilidade do governo — e suas próprias carreiras políticas — para proteger um pequeno grupo de aliados EPPGG? O IPSEMG não pertence a cargos, partidos e mandatos políticos e nem a carreiras.
Pertence ao povo mineiro — e os servidores não aceitarão mais o autoritarismo travestido de gestão. É hora de erguer a cabeça, denunciar e defender o que é nosso por direito.
Porque quem se cala diante da injustiça, consente com ela.
Assina:
Servidor de carreira do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (IPSEMG)
(Identidade preservada por segurança institucional)