Uma tendência positiva vem se consolidando no cenário econômico de Belo Horizonte ao longo deste ano: o endividamento das famílias da capital mineira apresenta queda persistente, apontam os dados mais recentes da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC). Segundo o levantamento, realizado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) e analisado pelo Núcleo de Pesquisa e Inteligência da Fecomércio MG, o índice de endividamento em maio recuou para 86,4%, uma diminuição de 0,5 ponto percentual em relação a abril.
Essa redução vem ocorrendo de forma contínua desde janeiro, abrangendo inclusive as dívidas mais comuns, como as faturas do cartão de crédito. Em abril, o endividamento atingia 87%, e agora se observa uma melhora significativa, refletindo uma recuperação financeira gradativa das famílias belo-horizontinas.
Outro dado importante revelado pela pesquisa é a estabilidade no percentual de consumidores com contas em atraso, que ficou em 52% no último mês, apresentando apenas uma variação marginal de 0,1 ponto percentual. Por outro lado, diminuiu o número de famílias que não terão condições de quitar suas dívidas no mês seguinte, caindo de 23,8% para 21,3%. Também houve redução no grupo de superendividados — aqueles que comprometem mais da metade da renda com dívidas — de 27,6% em abril para 24,8% em maio.
Na avaliação individual, 45,4% dos entrevistados afirmaram estar pouco endividados, enquanto a parcela considerada muito endividada diminuiu de 17,9% para 13,4%. Entre os tipos de dívida, o cartão de crédito segue como o principal compromisso financeiro, mas também registrou queda no endividamento, passando de 95,6% para 94,2%. Similarmente, o uso do carnê apresentou redução, tanto entre famílias com renda de até 10 salários mínimos quanto acima desse valor.
Apesar dos avanços, a pesquisa indica que 44,5% das famílias com contas pendentes estão com dívidas atrasadas há mais de 90 dias, e o prazo médio de inadimplência é de cerca de 62 dias. O comprometimento financeiro dos consumidores permanece elevado, com uma média de 7,7 meses de renda comprometida para saldar dívidas.
Gabriela Martins, economista da Fecomércio MG, avalia que a redução do endividamento é um indicativo positivo para o consumo local. “O recuo do endividamento mostra que as famílias estão mais confiantes para realizar compras, o que pode estimular o comércio de bens, serviços e turismo. Além disso, a melhora na capacidade financeira das famílias contribui para o pagamento pontual das dívidas e a compra à vista, o que fortalece a economia”, afirma.
A trajetória de queda no endividamento reflete, assim, um cenário mais saudável para as finanças dos belo-horizontinos, abrindo caminho para uma retomada mais consistente do consumo e da economia na região.