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Christian, husband, father & patriot

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O caso do empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, preso após matar Laudemir de Souza Fernandes em Belo Horizonte, escancara uma velha e incômoda realidade: muitos homens brancos acreditam que a impunidade é um direito natural, um escudo invisível que os protege, independentemente do histórico criminoso ou da gravidade de seus atos. Essa crença não só revela a sensação de impunidade que ele carrega, mas também um desprezo absoluto pela dignidade e pela vida do outro.

Renê se apresenta nas redes sociais como “Christian, husband, father & patriot”, cristão, marido, pai e patriota, e não por acaso escolheu escrever em inglês, buscando uma identificação com o homem americano. Mal sabe ele que, apesar de toda essa tentativa de se distanciar do Brasil, lá fora será sempre visto como latino, carregando todos os preconceitos que essa condição impõe.

É o mesmo tipo de brasileiro que, como disse Darcy Ribeiro em O Povo Brasileiro, mal reconhece que somos todos “carne da carne daqueles pretos e índios supliciados”. Renê ignora suas raízes, suas responsabilidades históricas e se distancia da realidade de um país que não se dobra às suas vaidades.

O gesto simbólico de ir malhar numa academia logo após o crime expressa bem esse mundo paralelo em que vive. Ali, ele se vê como um “homem de bem”, incapaz de compreender a brutalidade do que fez. Um assassinato que revela, antes de tudo, a convicção de que a vida do gari valia menos.

A justiça não pode se limitar a prender o agressor apenas depois da tragédia. É preciso desmontar o sistema que alimenta a arrogância e a sensação de impunidade em homens como Renê.

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